segunda-feira, 19 de julho de 2010

30 dias

Os minutos não passam.
Faltam 30 dias para acabar o ano.
O ano mais sofrido, mais doído, mais solitário.
O ano da certeza!
O ano da espera...
Um ano de espera e de quatro momentos.

Faltam 30 dias pro fim do ano.
Restam 30 dias de espera.

E o coração acelera, como das outras vezes.
Os lábios, às vezes, sorriem.
A cabeça não para.

Ali está o corredor.
Vazio.
A porta ao fundo.
Os pés caminham sem saber como.
O coração dispara, as pernas tremem,
o sorriso não sabe se ri ou se chora.

Mas ali está a porta.
E ela se abre.
Os olhos procuram... e acham!
Dois braços abertos,
um sorriso estampado,
um coração, também, disparado.

As pernas correm,
os braços se abrem (e eu nem vi como).
Mas já não importa, acabou.
Um ano.

Mas ainda me restam 30 dias!

Por: Imira de Holanda, minha preta ;)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A nova cidade

Desde o mês passado estou em Dublin. Gostei bastante da cidade. Vários amigos de vários lugares. Coisas novas, muitas. Músicas, filmes, livros, conversas. Estou aprendendo muito aqui.



Uma das coisas mais legais de Dublin, quando não está chovendo, é aproveitar os parques. Observar as cores, sentir o sol, a luz, pensar na vida.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Eleições

É cada uma que eu vejo... Veja só a chamada para um dos artigos da Carta Capital desse mês: "Já passa da hora de acabar com o paternalismo com que nossas elites veem o eleitor popular e de passar a respeitar o que ele quer. O eleitorado está apto a cuidar de si mesmo." (Veja o texto completo aqui.) Será mesmo!?!? De fato houve melhora, os argumento utilizados no artigo são válidos, e vejo atitudes como o "Ficha Limpa" que me deixam otimista. Mas ainda acredito que o povo, em sua maioria, é apático para os problemas políticos do país e não tem consciência da sua responsabilidade nas eleições.

As eleições estão chegando e eu sinceramente estou com medo. Não simpatizo com o Serra, tenho medo da Dilma e acha a Marina muito soft para a atual momento do país. E agora José!?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Despedidas

Não sou fã de despedidas, acho que ninguém gosta muito disso. Mas, felizmente, porque apesar de tudo tenho boas razões para isso, estou me despedindo do Porto. Daqui a exatamente 7 dias vou para Dublin, essa não é a melhor razão do felizmente, apenas uma delas.

Gostei bastante do tempo que fiquei por aqui. Estudei muito, trabalhei muito, fiz amigos, bebi vinho e Super Bock, ouvi e conheci músicas novas, livros, poesias, visões, idéias. Conversei sobre os assuntos mais inesperados com pessoas mais inesperadas ainda, uma loucura que somou. Observei, observei, observei. Falho em não ter relatado aqui o que vi, ouvi e senti, tudo em detalhes, porque esses são importantes, mas ainda os guardo na memória. Ainda quero falar sobre isso, é bom partilhar essas coisas, elas me fizeram refletir e crescer bastante.

Foram nove meses em Portugal, houve o tempo da adaptação, o da saudade enlouquecedora que julgamos ter aprendido controla-la, o das descobertas, das decepções e das realizações. Li bastante sobre muitas coisas, coisas essas que me fizeram mudar o rumo do meu projeto final que já estava iniciado. Mas, faz parte. Hoje sinto que amadureci idéias, planos e metas.

Já me despedi de algumas pessoas que não sei se verei mais na vida, sei somente que as prosas foram ótimas e que o tempo foi gasto da melhor maneira possível. Um brinde aos amigos!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tu disseste

Tu disseste: "quero saborear o infinito"
Eu disse: "a frescura das maçãs matinais revela-nos segredos insondáveis"
Tu disseste: "sentir a aragem que balança os dependurados"
Eu disse: "é o medo o que nos vem acariciar"
Tu disseste: "eu também já tive medo, muito medo. Recusava-me a abrir a janela, a transpôr o limiar da porta"
Eu disse: "acabamos a gostar do medo, do arrepio que nos suspende a fala"
Tu disseste: "um dia fiquei sem nada. um mundo inteiro por descobrir"
Eu disse: "..."

Eu disse: "o que é que isso interessa?"
Tu disseste: "...nada"

Tu disseste: "agora procuro o desígnio da vida. às vezes penso encontrá-lo num bater de asas, num murmúrio trazido pelo vento, no piscar de um néon. escrevo páginas e páginas a tentar formalizá-lo. depois queimo tudo e prossigo a minha busca"
Eu disse: "eu não faço nada. fico horas a olhar para uma mancha na parede"
Tu disseste: "e nunca sentiste a mancha a alastrar, as suas formas num palpitar quase imperceptível?"
Eu disse: "não. a mancha continua no mesmo sítio, eu continuo a olhar para ela e não se passa nada"
Tu disseste: "e no entanto a mancha alastra e toma conta de ti. liberta-te do corpo. tu é que não vês"
Eu disse: "o que é que isso interessa?"
Tu disseste: "...nada"

Eu disse: "o que é que isso interessa?"
Tu disseste: "...nada"

Mão Morta.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Fuja da televisão!

Fato 1, ser radical com certas coisas pode causar revolta. Uma das coisas que me revolta é a futilidade produzida pela televisão aberta.

Hipótese 1, em todo o mundo há conteúdo inútil e alienador sendo transmitido na televisão aberta, por isso inventaram a TV a cabo (???).

Fato 2, grande parte da população não tem condições de aderir a uma TV a cabo que, teoricamente, transmitiria algum conteúdo mais interessante e produtivo. Logo, um número significativo da população é "obrigada" a assistir as interessantíssimas discussões no programa da Luciana Gimenez, Faustão e outros mil. É interessante comentar uma característica bem comum nesses programas: a erotização. Mulheres peladas e rebolando em quase todos os horários da televisão é comum, nossas crianças já estão habituadas a isso. Coitadas, são alimentadas com estereótipos e alienadas com futilidades sem fim. Como já relatara o grande MV Bill:

Pela televisão vejo idolatria
A um rei que tem um reino que não merecia
Vicia, no reinado trata nós como coitado
Propaga a putaria e não se sente culpado
Eu não acredito, na vagabunda que mostra a bunda na revista
Depois que fazer programa infantil
...
Função social, televisiva, irônica
Quem não acredita que pague pra ver
A reprodução da besta na "TV"
Na programação tentam te esconder
Dizendo como você tem que ser
...




A boa notícia é que nem tudo está pertido, a Internet trouxe uma flexibilidade a esse sistema maldito e é possível que muitos façam seu conteúdo de acordo com seus interesses. Na rede conseguimos encontrar conteúdo produtivo e relevante. O conhecimento está aí, basta acessa-lo, isso é maravilhoso! Uma dica? Acesse o site da CPFL Cultura. Este é um amplo programa cultural que "promove reflexões sobre os desafios e oportunidades da contemporaneidade. Um espaço de reflexão sobre o mundo, o tempo, a ciência, o homem, a mulher, a política e todos os aspectos da vida contemporânea". Aqui o link para os melhores vídeos do ano passado:

http://www.cpflcultura.com.br/post/especial/melhores-videos-do-ano

Aproveite e destrua sua televisão, antes que ela destrua você! :D

sábado, 6 de março de 2010

Ego City

Há algum tempo li um texto muito interessante no poder primário, gostaria de compartilhar aqui esse assunto. No post o autor colocou este vídeo:



"Do alto" de sua arrogância o jornalista Bóris Casoy parece acreditar que dignidade e felicidade são consequências diretas de dinheiro e status. Esse é um reflexo dos valores que a sociedade prima e de certa forma impõe. A mídia bombardeia o consumo urgente catequizando a população com futilidade e "fantasias de compensação". É essa a sociedade que queremos?


"Carros à prova de bala, com vidros à prova de gente
Cor fumê da indiferença
E vão lambendo os cartões de crédito
Comprando de quase tudo; do orgulho à cocaína
de dólares a meninas
Passando em frente à réplica da Estátua da Liberdade
que nos prende ao consumo siliconizado e farpado urgente
que diz: Bem-vindo a Ego City"
F.UR.T.O

Carater, honestidade e ética é isso que a sociedade precisa!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Um bom samba para o carnaval

Ouvir samba e ficar parado pode ser um tanto contraditório. Esse ritmo que faz nosso corpo mexer, as vezes involuntariamente, também é capaz de hipnotizar. Tome cuidado!

Em multidões as pessoas saem as ruas a festejar e a viver a beleza e harmonia de suas notas. Hipnotizados, claro! Mas as vezes sua escala e seu ritmo as fazem chorar. Gosto do choro. O virtuosismo e a técnica musical de alguns mestres são mais fascinantes ainda. Compartinho aqui uma música que gosto muito.

Yamandu Costa e Hamilton de Holanda tocam Samba pro Rapha



É bom pra aquecer e para dar inspiração em carnavais de tempos frios (pertinho do 0ºC)...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O nordestino

Como eu gosto de ouvir as histórias daquele velho. Homem forte, de poucas letras, sempre tinha boas coisas a dizer. Gostava de ouvir seus causos, muitos quase lendários de tão impressionantes. Suas histórias de trabalho, da lida no campo, suas saudades, suas vontades. Sua simplicidade me fazia bem. Gosto dessas coisas.

Hoje imagino que ele tenha voltado pro sertão, está "naquelas terras imensas de nosso Senhor". Terra de boa lida, de boa gente. São vários os que cantam os sentimentos e o dia-a-dia dessa gente, Luíz Gonzaga, Leomar, Xangai, Almir Sater e outros tantos.

Aqui ficam as boas lembranças.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Nego Drama

Sem palavras...

Nego drama, entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas, inveja, luxo, fama
Nego drama, cabelo crespo e a pele escura
A ferida a chaga, a procura da cura

Nego drama, tenta vê e não vê nada
A não ser uma estrela, longe e meio ofuscada
Sente o drama, o preço e a cobrança
No amor, no ódio a insana vingança

Nego drama, eu sei quem trama e quem tá comigo
O trauma que eu carrego pra não ser mais um preto fudido
O drama da cadeia e favela
Túmulo, sangue, sirene, choros e velas

Passageiro do Brasil, São Paulo, agonia
Que sobrevivem em meia zorras e covardias
Periferias, vielas e cortiços
Você deve tá pensando: o que você tem a ver com isso?

Desde o início por ouro e prata
Olha quem morre, então, veja você quem mata
Recebe o mérito a farda que pratica o mal
Me ver pobre, preso ou morto já é cultural

Histórias, registros, escritos
Não é conto nem fábula, lenda ou mito
Não foi sempre dito que preto não tem vez, então?
Olha o castelo. Não foi você quem fez, cuzão!

Eu sou irmão dos meus truta de batalha
Eu era a carne, agora sou a própria navalha
Tim-Tim! Um brinde pra mim!
Sou exemplo de vitorias, trajetos e glorias

O dinheiro tira um homem da miséria
Mas não pode arrancar de dentro dele a favela
São poucos os que entram em campo para vencer
A alma guarda o que a mente tenta esquecer

Olho pra traz e vejo a estrada que eu trilhei, "moo coca"
Quem teve lado a lado e quem só fico na bota
Entre as frases, fases e varias etapas
De quem é quem, dos manos e das minas fraca

Nego drama de estilo
Se é pra ser e se for, tem que ser, se temer é milho
Entre o gatilho e a tempestade
Sempre a provar que sou homem e não um covarde

Que Deus me guarde pois eu sei, ele não é neutro
Vigia os rico, mais ama os que vem do gueto
Eu visto preto por dentro e por fora
Guerreiro, poeta entre o tempo e a memória

Ora, nessa história vejo o dólar e vários quilates
Falo pro mano que não morra, e também não mate
O tic-tac não espera, veja o ponteiro
Essa estrada é venenosa e cheia de morteiro,

Pesadelo, é um elogio
Pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu
No clima quente a minha gente soa frio
Vi um Pretinho seu caderno era um Fuzil

NEGRO DRAMA,
Racionais MC's

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Dias

Há dias, há muitos dias ainda, tantos que sufocam, tantos, que me enlouquecem.

A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura.

Poema retirado da música "Ouvir dizer" de Ornatos Violeta.