sábado, 12 de dezembro de 2009

Realizando sonhos

É muito bom perceber que as coisas que você vem planejando a algum tempo estão dando certo. Terminei a segunda semana do novo trabalho muito animado! Trabalhar em projetos de Pesquisa & Desenvolvimento é excitante. Ainda mais do porte do MOBILES (MOBILidade Eléctrica Sustentada). Esse é um dos "produtos" do MERGE Project (Mobile Energy Resources for Grids of Electricity), tal projeto envolve 16 empresas europeias, instituições de P&D e o MIT. E eu, claro! =D hahahaha

Essa é a foto do INESC, tirada pela minha fotógrafa (e arquiteta).


sábado, 5 de dezembro de 2009

Saudades

Há saudade, as vezes é difícil conviver com ela, as vezes ela passa por despercebida. Viver remoendo esse sentimento me faz pensar, me faz sofrer, me faz chorar. Recorro ao poetinha para desabafar um pouco sobre isso...

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama"

Vinicius de Moraes.
(Pátria minha)

domingo, 29 de novembro de 2009

Dia de jogo

Dia de futebol é diferente. Já começa diferente. As pessoas acordam eufóricas e ansiosas, outras já acordam com dor de barriga. Enquanto não chega a hora do jogo é um sofrimento só, e imagine quando ele começa. Muitos já tem seus bilhetes comprados, outros ainda se aventuram para compra-lo. Na frente do estádio a movimentação já diz que é dia de jogo, mesmo faltando dez horas para o início da partida.

Comprar bilhetes em dia do jogo requer sorte. Muitos recebem SMSs com o infeliz e pequeno texto: "os ingressos acabaram". Mensagem espalhada de forma quase viral entre muitos torcedores.É interessante perceber como se faz rápido o rosto triste de marmanjos torcedores ao receberem tal mensagem. É uma desolação, chega a dar pena. Já os que conseguem não se cabem de alegria.

E no bate-rebate o jogo é emocionante, eufórico. A movimentação e os passes na vaga geometria do campo, se feitos com raça e estratégia dão qualidade ao espetáculo e levam ao tão desejado gol. A torcida agradece.


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Duas semanas

Faltam duas semanas pro dia amanhecer mais feliz e com mais cor.
Faltam duas semanas pra eu acordar mais completo, mais cheio de mim e de você.
Faltam duas semanas pra que tudo fique melhor.
Faltam duas semanas para dar o beijo e o abraço que sonho.

E nesse tempo que já foi mais longo e que parece mais longo a cada dia que se encurta.
Fico a pensar em nossos risos, nossas caras, nossas manias e telepatias que se confirmam em olhares.
Fico a lembrar o quanto és bela quando acorda e quão gostoso é acordar ao seu lado.
A espera já não é estranha, difícil é viver com ela.

domingo, 4 de outubro de 2009

O começo

Enfim sinto que as coisas engrenaram, já peguei o ritmo da vida em Portugal. Já consigo acordar mais cedo, dormir mais cedo, viver mais. É certo que nem sempre isso acontece, mas já está acontecendo, e é um bom sinal. Perto de completar um mês por aqui, já vivo mais tranquilo, já respiro melhor, já não sofro tanto, as coisas estão se encaixando muito bem. Acredito que o inicio das aulas, a duas semanas atrás, me ajudaram bastante. A vida acadêmica no Porto me encanta bastante.

Sou encantado pela vida acadêmica, em Brasília já era assim. Gosto dos amigos, das conversas, das viagens e das discussões sobre os mais variados temas, e das aulas também. Aqui não está sendo diferente. O ambiente que a FEUP oferece é muito acolhedor e estimulante. Além da excelente estrutura, a faculdade possui ótimos professores. Em todas as matérias achei o nível das aulas excelentes. Isso tudo esta sendo muito bom.

Esta semana fui a biblioteca, esta é um capítulo a parte, surpreendente. Tirei esta foto lá de cima. Mostra boa parte do campos da engenharia. É por aí que passo boa parte do dia.



sábado, 26 de setembro de 2009

Noites boêmias

Não sei se é pela região, pelo clima, ou se pelos dois, mas posso dizer que a uva que brota de terras portuguesas é responsável por uma deliciosa especiaria aqui produzida, o vinho. A o vinho, bebida elegante e democrática, que serve a chefes de estado e a pobres boêmios que aqui se fazem felizes por consumir um vinho, que na minha opinião é muito bom, por menos de dois euros.

Em uma conversa boêmia, em uma noite boêmia, um conhecido falou-me sobre uma garrafaria de um português que lhe ensinara sobre vinhos em prosas rápidas, doses de 5 minutos ou menos, mas que valiam a pena, pelo vinho, pelo conhecimento, pela prosa e pela distância percorrida até lá, não necessariamente nessa ordem. Como sou do tipo de pessoa que adora conhecer esse tipo de coisa e conversar com esse tipo de gente, não pensei duas vezes. Em um pedaço de papel achado na rua foi desenhado um mapa com a rota até a tal garrafaria. Mapa complexo, cheio de curvas e obstáculos. Confesso que não é tão fácil andar pelas ruelas do Porto, ainda mais para mim, acostumado com a lógica cartesiana de Brasília. No verso do mapa já continham algumas indicações de vinhos bons e baratos.

Acordo tarde e cansado da noite. Ainda na cama não demoro a lembrar que tenho algumas ruas para desbravar a procura de vinho. O calor do sol me assusta um pouco, mas estou decidido, vou encontrar. Pego o mapa, algum dinheiro, calço minhas botinas e saio. No caminho passo por igrejas, belas igrejas, e outras belíssimas construções, pinturas e esculturas que foram direta ou indiretamente concebidas primeiro no mundo das idéias por força ou colaboração de alguns bons vinhos. Assim imagino eu.

Consulto o mapa várias vezes, peço ajuda, e encontro. Na minha imaginação aquilo seria um pouco diferente, mas é como me descreveram. A casa de vinhos passa quase que despercebida pela pequena e charmosa rua. Fico feliz. Na vitrine já vejo uma grande variedade de rótulos de todas as regiões de Portugal. É aqui, tomarei minha primeira aula e voltarei para casa com alguns vinhos que apreciarei durante toda a noite junto com boas músicas. Ótima combinação, com certeza uma outra ótima noite.

Com um suspiro de satisfação abro a porta. Abro? Por que não abre? Esta fechada? Como pode, hoje é sábado, ainda é cedo! Não acredito... Mas é verdade, há um recado na porta, cheguei tarde. É triste. Infelizmente tenho que voltar para casa sem a prosa e sem o vinho, mas voltarei, já sei o caminho.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Primeiras impressões

Chegar a algum lugar estranho não é tão ruim quanto partir de um lugar que se gosta. A vista do avião já é bem convidativa, vê-se muito verde, telhados bonitos, ruas que parecem ser interessantes, muitas pontes e torres de energia eólica. Já de baixo, vejo pessoas com traços diferentes, muitas engraçadas, quase caricatas, outras bem interessantes com suas falas que nada compreendo. Em fim, este é o lugar, agora pegam-se as malas, respira-se fundo e para animar e dar coragem penso em alguma música que me faz feliz.

O primeiro passeio pela cidade é sempre marcante. Lembro da hora, do metro, que aqui se pronuncia diferente, lembro do rosto das pessoas que estavam próximas a mim. Até agora nada de encantador, é uma cidade normal, como qualquer outra, mas há de se concordar que o sistemas de transporte é bem superior ao que temos. Saio da estação, e aquilo que parecia igual ao que já tinha visto em outros lugares se transforma em uma magnifica vista. Um largo estupendo, belíssimo, respiro um ar mais alegre do que respirara a algum tempo atrás. A cidade é feliz.





segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A partida

Depois de algum tempo esperando, eis que chega o dia da partida. Nunca pensei que fosse tão difícil deixar as coisas que amo, mesmo sabendo que é por um período relativamente curto. Sempre pensei que esses momentos marcantes eram difíceis, e realmente são. Mas, procuro conforto nas lembranças e na esperança de um crescimento, de uma aprendizagem, de uma renovação. Sim, uma renovação, porque não?

Parti em um dia cabalístico, mesmo sendo meio cético acho foi um dia cabalístico, 09/09/09, se não cabalístico, no mínimo fácil de lembrar. Não foi um dia lá tão bonito, Brasília já teve dias mais vivos. Talvez eu tivera menos vivos, ou triste por estar partindo, não consegui compreender muito o que sentia. Um misto de várias coisas, realização, saudade e até um pouco de medo.

No longo caminho fui degustando esses sentimentos, e no meio daquelas pessoas que também partiam fui conseguindo sobreviver aquela angustia de partir. A viagem foi boa, um tanto introspectiva, mas boa. Ao chegar em outro país já conseguia me sentir menos abalado. Foi bem interessante pisar em solo não brasileiro, já no aeroporto via a multidão falar coisas que não conseguia entender e já percebia que aquilo tudo seria muito interessante. Veremos...