sábado, 26 de setembro de 2009

Noites boêmias

Não sei se é pela região, pelo clima, ou se pelos dois, mas posso dizer que a uva que brota de terras portuguesas é responsável por uma deliciosa especiaria aqui produzida, o vinho. A o vinho, bebida elegante e democrática, que serve a chefes de estado e a pobres boêmios que aqui se fazem felizes por consumir um vinho, que na minha opinião é muito bom, por menos de dois euros.

Em uma conversa boêmia, em uma noite boêmia, um conhecido falou-me sobre uma garrafaria de um português que lhe ensinara sobre vinhos em prosas rápidas, doses de 5 minutos ou menos, mas que valiam a pena, pelo vinho, pelo conhecimento, pela prosa e pela distância percorrida até lá, não necessariamente nessa ordem. Como sou do tipo de pessoa que adora conhecer esse tipo de coisa e conversar com esse tipo de gente, não pensei duas vezes. Em um pedaço de papel achado na rua foi desenhado um mapa com a rota até a tal garrafaria. Mapa complexo, cheio de curvas e obstáculos. Confesso que não é tão fácil andar pelas ruelas do Porto, ainda mais para mim, acostumado com a lógica cartesiana de Brasília. No verso do mapa já continham algumas indicações de vinhos bons e baratos.

Acordo tarde e cansado da noite. Ainda na cama não demoro a lembrar que tenho algumas ruas para desbravar a procura de vinho. O calor do sol me assusta um pouco, mas estou decidido, vou encontrar. Pego o mapa, algum dinheiro, calço minhas botinas e saio. No caminho passo por igrejas, belas igrejas, e outras belíssimas construções, pinturas e esculturas que foram direta ou indiretamente concebidas primeiro no mundo das idéias por força ou colaboração de alguns bons vinhos. Assim imagino eu.

Consulto o mapa várias vezes, peço ajuda, e encontro. Na minha imaginação aquilo seria um pouco diferente, mas é como me descreveram. A casa de vinhos passa quase que despercebida pela pequena e charmosa rua. Fico feliz. Na vitrine já vejo uma grande variedade de rótulos de todas as regiões de Portugal. É aqui, tomarei minha primeira aula e voltarei para casa com alguns vinhos que apreciarei durante toda a noite junto com boas músicas. Ótima combinação, com certeza uma outra ótima noite.

Com um suspiro de satisfação abro a porta. Abro? Por que não abre? Esta fechada? Como pode, hoje é sábado, ainda é cedo! Não acredito... Mas é verdade, há um recado na porta, cheguei tarde. É triste. Infelizmente tenho que voltar para casa sem a prosa e sem o vinho, mas voltarei, já sei o caminho.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Primeiras impressões

Chegar a algum lugar estranho não é tão ruim quanto partir de um lugar que se gosta. A vista do avião já é bem convidativa, vê-se muito verde, telhados bonitos, ruas que parecem ser interessantes, muitas pontes e torres de energia eólica. Já de baixo, vejo pessoas com traços diferentes, muitas engraçadas, quase caricatas, outras bem interessantes com suas falas que nada compreendo. Em fim, este é o lugar, agora pegam-se as malas, respira-se fundo e para animar e dar coragem penso em alguma música que me faz feliz.

O primeiro passeio pela cidade é sempre marcante. Lembro da hora, do metro, que aqui se pronuncia diferente, lembro do rosto das pessoas que estavam próximas a mim. Até agora nada de encantador, é uma cidade normal, como qualquer outra, mas há de se concordar que o sistemas de transporte é bem superior ao que temos. Saio da estação, e aquilo que parecia igual ao que já tinha visto em outros lugares se transforma em uma magnifica vista. Um largo estupendo, belíssimo, respiro um ar mais alegre do que respirara a algum tempo atrás. A cidade é feliz.





segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A partida

Depois de algum tempo esperando, eis que chega o dia da partida. Nunca pensei que fosse tão difícil deixar as coisas que amo, mesmo sabendo que é por um período relativamente curto. Sempre pensei que esses momentos marcantes eram difíceis, e realmente são. Mas, procuro conforto nas lembranças e na esperança de um crescimento, de uma aprendizagem, de uma renovação. Sim, uma renovação, porque não?

Parti em um dia cabalístico, mesmo sendo meio cético acho foi um dia cabalístico, 09/09/09, se não cabalístico, no mínimo fácil de lembrar. Não foi um dia lá tão bonito, Brasília já teve dias mais vivos. Talvez eu tivera menos vivos, ou triste por estar partindo, não consegui compreender muito o que sentia. Um misto de várias coisas, realização, saudade e até um pouco de medo.

No longo caminho fui degustando esses sentimentos, e no meio daquelas pessoas que também partiam fui conseguindo sobreviver aquela angustia de partir. A viagem foi boa, um tanto introspectiva, mas boa. Ao chegar em outro país já conseguia me sentir menos abalado. Foi bem interessante pisar em solo não brasileiro, já no aeroporto via a multidão falar coisas que não conseguia entender e já percebia que aquilo tudo seria muito interessante. Veremos...